Cozinhar é um ato de amor que pode ser passado de geração em geração
Toda vez que preparamos uma refeição, além dos ingredientes básicos necessários, estão envolvidos também os nossos sentimentos.
No dia a dia corrido a escolha dos ingredientes muitas vezes é feita pensando-se exclusivamente na praticidade de prepará-lo, no seu preço ou na facilidade de limpar a menor quantidade de louça possível. Muitas vezes pensamos também apenas em valores nutricionais. Deixamos de lado o prazer de preparar a refeição e de comer com calma, saboreando os alimentos, sentindo o aroma, os sabores diferentes, a textura, a temperatura.
É nesta mistura de sensações no paladar que se despertam os mais profundos sentimentos e afetos. Assim, podemos perceber a diferença entre uma alimentação preparada com carinho, com a intenção de alimentar bem, e as comidas feitas em restaurantes ou fast-food, feitas em massa, quase que mecanicamente.
A reunião em torno da mesa também é uma celebração. Momento de alegria, de compartilhar o alimento e os assuntos. Alimenta-se corpo e alma.
Cozinhar também pode ser uma terapia que ativa a memória e a cognição! Elaborar o cardápio, escolher os ingredientes, substituir os que não foram encontrados, usar a criatividade, calcular quantidade e proporção, cortar os alimentos, ficar atento ao tempo de preparo e ao que está fazendo (foco e presença). Tudo isso é uma forma de ativar a mente, nos fazer sentirmos úteis e produtivos, ocupando a mente com algo saudável e produtivo.
Entre os alimentos, o pão é um dos mais antigos de que se tem conhecimento. Foi e é alimento apreciado nas mesas de ricos e pobres.
O pão é vida. É o alimento básico, o nosso sustento mais comum. Mas ele não é só alimento para o corpo, ele é o símbolo do alimento para a alma, presente em várias religiões e crenças.
O pão é assim um símbolo diário que nos lembra que o importante é alimentar corpo e alma, é dividir o que temos com o próximo. Pão simboliza o compartilhar.
A história do Biscoito
Segundo as lendas, os antigos comiam grãos crus, moendo-os lentamente e triturando com os dentes, com isso surgiu a ideia de se amassar os grãos entre duas pedras, misturando água àquela massa e secá-la ao fogo, tornando-a uma pasta seca e dura.
Entre os egípcios, os biscoitos já pareciam bolachas secas e eram servidos adocicados com mel – uma vez que o açúcar ainda não era conhecido. Eram objeto de gentileza entre a casta nobre, os biscoitos feitos para dar de presente aos amigos. Na época, um especialista em fabricar os biscoitos era em geral um escravo, já que a receita era passada de geração para geração entre estes. Um especialista em biscoitos podia ser comprado, alugado ou tomado à força. Era um escravo de luxo.
A palavra biscoito tem origem de duas palavras francesas: “Bis” e “Coctus” e significa “cozido duas vezes”. Isso porque o biscoito surgiu da necessidade dos viajantes carregarem seu próprio alimento, no caso o pão, e esse precisava ser cozido duas vezes, para ter menos umidade e, assim, durar mais tempo. Ele virava, portanto, um “pão duro”.
“Cozinhar é o mais privado e arriscado ato.
No alimento se coloca ternura ou ódio.
Na panela se verte tempero ou veneno.
Cozinhar não é serviço.
Cozinhar é um modo de amar os outros.”
(Mia Couto – O Fio das Missangas)
Obrigada!!
EQUIPE KORU
Silvia Pirre (Psicóloga)
Márcia Soares (Nutricionista)